Delphi - Origem do Nome
DELFOS (Delphi em Inglês) era uma cidade da Grécia antiga, famosa por seu Oráculo (templo divinatório), consagrado a Apollo.
A pitonisa, figura feminina, semi divina, antes de entrar em transe para ser consultada pelos sacerdotes, mascava folhas de uma planta sagrada (loureiro) e bebia água da fonte Cassotis, igualmente sagrada. Durante o transe os sacerdotes formulavam as perguntas que traziam por escrito e a pitonisa as respondia com segurança, usando sons e palavras desconexas.
Os sacerdotes faziam construções poéticas e dúbias com a tradução destas profecias e adivinhações de coisa alguma. Com isso enriqueceram a si mesmos e a cidade com as doações generosas de viajantes e consulentes...
Consta que o Oráculo de Delfos foi famoso por muitos e muitos anos... Mas, enriquecida, a cidade passou a ser constantemente submetida a pilhagens e invasões, principalmente por parte dos romanos (Nero, em especial), entrando em decadência definitiva ao tempo do Imperador Juliano.
Delphi era o codinome beta do produto e a Borland, na época, iria chamar ele de Object Database Builder ou coisa parecida. Mas o codinome beta agradou tanto e pegou, então, resolveram manter o nome.
Histórica completa
"Delphi" começou como codinome de um projeto altamente secreto na Borland:
uma nova geração de ambiente de desenvolvimento visual para Windows, baseado na linguem de programação Object Pascal. Este codinome foi lançado em meados de 1993, após a equipe de desenvolvimento ter passado 6 meses de pesquisas, testes e análise de marketing. Integrantes da equipe de desenvolvimento Pascal ficavam se reunindo no escritório do Gerente de desenvolvimento Gary Whizin, para debater possíveis nomes para o novo produto. Não era um escritório muito grande, mas a equipe não era tão grande também - cerca de 10 pessoas entre gerentes, analistas, marketing.
Era comum ver Anders Heilsberg, Chuck Jazdzewski, Allen Bauer, Zack Urlocker, Richard Nelson, eu, e diversas outras pessoas batendo papo na sala do Gary. Nas sessões de discussão sobre o codinome havia gente se espremendo nos corredores.
A Borland tem uma longa tradição em criar codinomes "diferentes", alguns como slogans "inteligentes" ou imagem que o relacionava ao marketing e ao foco do produto. Um codinome, como é chamado o nome do produto beta, não deve ter nenhuma relação óbvia com o produto, para que caso algum espião ouça o seu nome numa conversa não fique tão óbvio qual produto estão discutindo.
Nós estávamos sempre sentados no escritório do Gary sugerindo estranhos e esquisitos codinomes para o produto. A decisão estratégica de tornar as ferramentas de banco de dados e a conectividade parte central do novo produto Pascal, tinha sido feita apenas alguns dias antes. Então Gary estava ansioso para ter um codinome que indicasse o novo "foco" de banco de dados. O tema banco de dados não foi passageiro - eu me lembro de ser relutante em "poluir" as ferramentas Pascal com este tema. Foi um passo arriscado para a Borland, mas tudo foi muito planejado e implementado. Por outro lado, tornar o Delphi um produto para banco de dados era exatamente o que faltava para impulsionar as ferramentas Pascal da Borland sobre o mercado "fechado" do Visual Basic e C++, e colocar o Delphi em destaque entre as tradicionais ferramentas de desenvolvimento para Windows.
Gary insistia no codinome "Oracle", referindo-se a conectividade com os servidores de banco de dados. Entretanto, este nome não agradou ao grupo. Além da confusão óbvia com a empresa Oracle e produtos para servidores, este nome obrigava o Delphi a ter recursos de servidor, enquanto, o produto que estávamos desenvolvendo era uma ferramenta de criação de programas para o cliente, simplesmente um método se se comunicar com o Oracle e outros servidores de banco de dados.
Como você conversa com um "Oracle" ? "The Oracle at Delphi" foi a associação de frase que surgiu na minha cabeça. Então, eu sugeri "Delphi": Se você quer conversar como o Oracle, então vá para o Delphi.
A sugestão não "pegou" de primeira. Esse era um nome velho, um lugar antigo, um templo pagão nas ruínas de uma civilização extinta. Não era exatamente uma brilhante associação para um novo produto! Apesar disso tudo, o codinome "Delphi" ainda era bem melhor do que os nomes absurdos que eram criados naquela sala. O Pascal é uma linguagem de programação clássica, o que combina direito com a clássica figura Grega. E como os mitologistas Gregos dizem, o templo de Delphi era o menos incestuoso, assassino e polêmico da história Grega.
Nós passamos por diversos codinomes durante o desenvolvimento da versão 1.0, apresentando diferentes codinomes a cada apresentação corporativa ou entrevistas do produto beta. Esta era uma estrategia de limitar os rumores e identificar os possíveis furos de informações. A última coisa que gostaríamos era que, você sabe quem!, obter informações do que estávamos fazendo. Após todos estes codinomes, o nome Delphi "embalou". No final da etapa de desenvolvimento, o departamento de marketing começou a utilizar o codinome Delphi em todas as apresentação a imprensa e empresas, e também como codinome para as versões betas finais. Isto despertou diversos rumores entre as pessoas, e a industria de software só falava no projeto secreto da Borland de codinome "Delphi". J.D. Hildebrand escreveu um editorial inteiro na revista Windows Tech Journal sobre o "Efeito Delphi", meses antes do software ser lançado no mercado. Ele dizia: "Não posso dizer o que é, mas posso dizer isto: o Delphi irá transformar nossas vidas.".
Quando chegou a hora de escolher um nome definitivo para o produto, os nomes possíveis eram menos inspiradores do que "Delphi". O nome "funcional", ou seja, um nome que descreva o que o produto realmente faz e, por sua vez, é muito mais fácil de divulgar, seria "AppBuilder". Esse nome ainda aparece em classes internas do código do IDE, como por exemplo o nome da classe da janela principal. Mas o nome AppBuilder não animava as pessoas. Não funcionava bem para outros países - somente era "funcional" na língua inglesa.
Ainda bem que alguns meses antes do Delphi ser lançado, a Novell criou um produto chamado Visual AppBuilder. Pelo menos essa opção estava fora do páreo. Sem um nome "funcional", muitas pessoas sugeriram manter o codinome Delphi para o nome final do produto.
O nome Delphi ainda não estava definido. O chefe do departamento de marketing tinha inúmeras preocupações com o esforço extra que seria necessário para a divulgação, no mercado, de um nome não-funcional. Então ele pediu que fosse feita uma votação entre os desenvolvedores. Somente teve um voto contra (Adivinhe de quem?). Mas alguém chegou a conclusão que a equipe de desenvolvimento não possuía uma visão estratégica de mercado, e organizaram uma pesquisa com os usuários betas. Quando esta pesquisa não produziu o resultado que gostaria, ela foi estendida para as subsidiárias internacionais da Borland, analistas de mercado, imprensa, consultores de empresas, revendas, e provavelmente alguns clientes do K-Mart. Isto virou uma comédia: quanto mais as pessoas queriam abolir o nome "Delphi", mais ele ganhava apoio.
"Delphi" tem uma imagem clássica. Possui uma associação consistente em diferentes idiomas. Não significa palavrões em nenhuma outra língua (que eu saiba). Além de tudo, o pessoal do departamento de marketing realizou um excelente trabalho de pre-divulgação sobre o Delphi. O mercado foi abençoado pelo nome "Delphi".
E foi assim que o Delphi ganhou um nome.
Danny Thorpe Senior Engineer, Delphi R D Inprise Corp
Ruínas de Delfos
A pitonisa, figura feminina, semi divina, antes de entrar em transe para ser consultada pelos sacerdotes, mascava folhas de uma planta sagrada (loureiro) e bebia água da fonte Cassotis, igualmente sagrada. Durante o transe os sacerdotes formulavam as perguntas que traziam por escrito e a pitonisa as respondia com segurança, usando sons e palavras desconexas.
Os sacerdotes faziam construções poéticas e dúbias com a tradução destas profecias e adivinhações de coisa alguma. Com isso enriqueceram a si mesmos e a cidade com as doações generosas de viajantes e consulentes...
Consta que o Oráculo de Delfos foi famoso por muitos e muitos anos... Mas, enriquecida, a cidade passou a ser constantemente submetida a pilhagens e invasões, principalmente por parte dos romanos (Nero, em especial), entrando em decadência definitiva ao tempo do Imperador Juliano.
Delphi era o codinome beta do produto e a Borland, na época, iria chamar ele de Object Database Builder ou coisa parecida. Mas o codinome beta agradou tanto e pegou, então, resolveram manter o nome.
Histórica completa
"Delphi" começou como codinome de um projeto altamente secreto na Borland:
uma nova geração de ambiente de desenvolvimento visual para Windows, baseado na linguem de programação Object Pascal. Este codinome foi lançado em meados de 1993, após a equipe de desenvolvimento ter passado 6 meses de pesquisas, testes e análise de marketing. Integrantes da equipe de desenvolvimento Pascal ficavam se reunindo no escritório do Gerente de desenvolvimento Gary Whizin, para debater possíveis nomes para o novo produto. Não era um escritório muito grande, mas a equipe não era tão grande também - cerca de 10 pessoas entre gerentes, analistas, marketing.
Era comum ver Anders Heilsberg, Chuck Jazdzewski, Allen Bauer, Zack Urlocker, Richard Nelson, eu, e diversas outras pessoas batendo papo na sala do Gary. Nas sessões de discussão sobre o codinome havia gente se espremendo nos corredores.
A Borland tem uma longa tradição em criar codinomes "diferentes", alguns como slogans "inteligentes" ou imagem que o relacionava ao marketing e ao foco do produto. Um codinome, como é chamado o nome do produto beta, não deve ter nenhuma relação óbvia com o produto, para que caso algum espião ouça o seu nome numa conversa não fique tão óbvio qual produto estão discutindo.
Nós estávamos sempre sentados no escritório do Gary sugerindo estranhos e esquisitos codinomes para o produto. A decisão estratégica de tornar as ferramentas de banco de dados e a conectividade parte central do novo produto Pascal, tinha sido feita apenas alguns dias antes. Então Gary estava ansioso para ter um codinome que indicasse o novo "foco" de banco de dados. O tema banco de dados não foi passageiro - eu me lembro de ser relutante em "poluir" as ferramentas Pascal com este tema. Foi um passo arriscado para a Borland, mas tudo foi muito planejado e implementado. Por outro lado, tornar o Delphi um produto para banco de dados era exatamente o que faltava para impulsionar as ferramentas Pascal da Borland sobre o mercado "fechado" do Visual Basic e C++, e colocar o Delphi em destaque entre as tradicionais ferramentas de desenvolvimento para Windows.
Gary insistia no codinome "Oracle", referindo-se a conectividade com os servidores de banco de dados. Entretanto, este nome não agradou ao grupo. Além da confusão óbvia com a empresa Oracle e produtos para servidores, este nome obrigava o Delphi a ter recursos de servidor, enquanto, o produto que estávamos desenvolvendo era uma ferramenta de criação de programas para o cliente, simplesmente um método se se comunicar com o Oracle e outros servidores de banco de dados.
Como você conversa com um "Oracle" ? "The Oracle at Delphi" foi a associação de frase que surgiu na minha cabeça. Então, eu sugeri "Delphi": Se você quer conversar como o Oracle, então vá para o Delphi.
A sugestão não "pegou" de primeira. Esse era um nome velho, um lugar antigo, um templo pagão nas ruínas de uma civilização extinta. Não era exatamente uma brilhante associação para um novo produto! Apesar disso tudo, o codinome "Delphi" ainda era bem melhor do que os nomes absurdos que eram criados naquela sala. O Pascal é uma linguagem de programação clássica, o que combina direito com a clássica figura Grega. E como os mitologistas Gregos dizem, o templo de Delphi era o menos incestuoso, assassino e polêmico da história Grega.
Nós passamos por diversos codinomes durante o desenvolvimento da versão 1.0, apresentando diferentes codinomes a cada apresentação corporativa ou entrevistas do produto beta. Esta era uma estrategia de limitar os rumores e identificar os possíveis furos de informações. A última coisa que gostaríamos era que, você sabe quem!, obter informações do que estávamos fazendo. Após todos estes codinomes, o nome Delphi "embalou". No final da etapa de desenvolvimento, o departamento de marketing começou a utilizar o codinome Delphi em todas as apresentação a imprensa e empresas, e também como codinome para as versões betas finais. Isto despertou diversos rumores entre as pessoas, e a industria de software só falava no projeto secreto da Borland de codinome "Delphi". J.D. Hildebrand escreveu um editorial inteiro na revista Windows Tech Journal sobre o "Efeito Delphi", meses antes do software ser lançado no mercado. Ele dizia: "Não posso dizer o que é, mas posso dizer isto: o Delphi irá transformar nossas vidas.".
Quando chegou a hora de escolher um nome definitivo para o produto, os nomes possíveis eram menos inspiradores do que "Delphi". O nome "funcional", ou seja, um nome que descreva o que o produto realmente faz e, por sua vez, é muito mais fácil de divulgar, seria "AppBuilder". Esse nome ainda aparece em classes internas do código do IDE, como por exemplo o nome da classe da janela principal. Mas o nome AppBuilder não animava as pessoas. Não funcionava bem para outros países - somente era "funcional" na língua inglesa.
Ainda bem que alguns meses antes do Delphi ser lançado, a Novell criou um produto chamado Visual AppBuilder. Pelo menos essa opção estava fora do páreo. Sem um nome "funcional", muitas pessoas sugeriram manter o codinome Delphi para o nome final do produto.
O nome Delphi ainda não estava definido. O chefe do departamento de marketing tinha inúmeras preocupações com o esforço extra que seria necessário para a divulgação, no mercado, de um nome não-funcional. Então ele pediu que fosse feita uma votação entre os desenvolvedores. Somente teve um voto contra (Adivinhe de quem?). Mas alguém chegou a conclusão que a equipe de desenvolvimento não possuía uma visão estratégica de mercado, e organizaram uma pesquisa com os usuários betas. Quando esta pesquisa não produziu o resultado que gostaria, ela foi estendida para as subsidiárias internacionais da Borland, analistas de mercado, imprensa, consultores de empresas, revendas, e provavelmente alguns clientes do K-Mart. Isto virou uma comédia: quanto mais as pessoas queriam abolir o nome "Delphi", mais ele ganhava apoio.
"Delphi" tem uma imagem clássica. Possui uma associação consistente em diferentes idiomas. Não significa palavrões em nenhuma outra língua (que eu saiba). Além de tudo, o pessoal do departamento de marketing realizou um excelente trabalho de pre-divulgação sobre o Delphi. O mercado foi abençoado pelo nome "Delphi".
E foi assim que o Delphi ganhou um nome.
Danny Thorpe Senior Engineer, Delphi R D Inprise Corp
Ruínas de Delfos